SSPDS cria comitê de valorização das mulheres do Sistema de Segurança Pública do Ceará

5 de agosto de 2020 - 20:35

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) anunciou, na manhã desta quarta-feira (5), a criação de um comitê de valorização das mulheres do Sistema de Segurança Pública do Ceará. A reunião para definir os primeiros passos da iniciativa pioneira no Brasil, em nível de secretaria, contou com a participação de integrantes de instituições estaduais e federais na sede da pasta, em Fortaleza. O objetivo maior é construir uma política de redução da discriminação das mulheres que atuam nas instituições vinculadas à SSPDS e na Polícia Federal (PF) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), essas duas últimas como convidadas, por meio do acolhimento do gênero feminino e da promoção de ações preventivas e repressivas em casos de abusos cometidos por outros servidores.

Além dos gestores da SSPDS e de suas seis vinculadas (Polícias Civil e Militar, Corpo de Bombeiros Militar, Perícia Forense, Academia Estadual de Segurança Pública e Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública), também estiveram presente integrantes da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, do Conselho Estadual de Segurança Pública do Estado do Ceará (Consesp) e do Conselho de Defesa do Policial no Exercício da Função (CDPEF).

O papel do comitê consiste na criação de propostas, procedimentos e atos normativos, que beneficiem as mulheres que integram o sistema de segurança; o planejamento de campanhas educativas; o acompanhamento e fiscalização de casos específicos; a criação de protocolos de acolhimento, recepção de denúncias e demais ações previstas na política de valorização dessas servidoras; promover a troca de experiências entre instituições com diferentes pontos de vista.

“Esse debate interinstitucional será destinado a melhorar a cultura que há dentro das forças policiais em relação à mulher. O primeiro passo é reconhecer as vulnerabilidades, esse problema que temos em nossas mãos, que é a discriminação em relação ao gênero feminino, e os casos de assédio moral e sexual que ocorrem dentro das corporações. Já vivemos em uma cultura bastante machista e quando se trata de polícia, muitas vezes isso se apresenta ainda mais enraizado. O comitê será composto por mais de vinte mulheres, que se reunirão periodicamente para atuarem na construção de uma política de valorização dessas servidoras”, destacou o secretário da SSPDS, André Costa.

A necessidade de reconhecer o problema

Uma das mulheres que integra o comitê é a tenente-coronel PM Sandra Helena de Carvalho, coordenadora de Saúde e Assistência Social e Religiosa da Polícia Militar do Ceará. Ela destaca a importância de reconhecer o problema e de quebrar os paradigmas da desigualdade de gênero dentro das instituições, especialmente as militares.

“O reconhecimento já é um passo importantíssimo para essa mudança de cultura e de olhar em relação à figura feminina dentro da Segurança Pública. Eu faço parte da primeira turma de mulheres, que ingressaram na Polícia Militar do Ceará há 26 anos. Então, a criação desse espaço, que acolherá não só as denúncias, mas também as mulheres, em seus anseios, ansiedades e medos, é algo que deve ser celebrado. Até para que elas possam reconhecer o problema, pois muitas vezes elas não tem repertório suficiente para reconhecer uma situação de assédio ou de violência”, destacou a oficial.

A diretora do Departamento de Proteção aos Grupos Vulneráveis (DPGV) da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), Rena Gomes, relatou como a sua experiência no combate à violência macro contra a mulher pode contribuir no desenvolvimento das políticas pelo comitê. “Nós sabemos das diferenças culturais, dos problemas que acarretam em violências graves contra as mulheres. As pessoas que integram esse comitê são profissionais que já trabalham, dentro de suas instituições, com esse olhar diferenciado. São profissionais sensibilizadas, que contribuirão cada vez mais na construção de políticas públicas”, disse.

O acolhimento

O comitê de valorização das mulheres do Sistema de Segurança Pública do Ceará busca também estimular a denúncia, promovendo o fortalecimento da rede de acolhimento, a prevenção e a mudança de paradigmas. A psicóloga da Assessoria de Assistência Biopsicossocial (Abips) da SSPDS, Bruna Gadelha, falou sobre o papel do setor no atendimento desses casos e sobre a necessidade de dar atenção às demandas apresentadas pelas mulheres.

“A Abips pode trabalhar no acolhimento dessa mulher, garantido o sigilo nesse atendimento para que ela tenha acesso à rede de apoio e de proteção. Inclusive, que ela possa sair daquele local onde esteja sofrendo algum tipo de assédio, seja ele sexual, psicológico ou moral. Deixando claro para a mulher que esse acompanhamento pode ser tanto no âmbito psicossocial, quanto jurídico”, reforçou.

Fonte: Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social

Assessoria de Comunicação da PMCE